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As Teresas
Therezinha do Menino Jesus e Teresa D'Ávila, participam dos trabalhos na Casa do Coração desde suas origens (Cabana de Lysis).
Therezinha do Menino Jesus
Nascida na França a 2 de janeiro de 1873, Marie-Francoise Thérèse Martin, era a filha caçula de nove filhos. Com a idade de 4 anos ela perdeu sua mãe e ficou entregue aos cuidados do pai, de 4 irmãs e de outros parentes.
Seus primeiros cinco anos na escola foram muito difíceis: tinha fobia à escola. Antes que completasse 13 anos, suas duas irmãs mais velhas entraram para o Convento do Carmelo de Lisieux e essa separação causou-lhe traumas muito profundos.
Em 1882, já com 10 anos, sua irmã Paulina também foi para o Convento o que lhe causou um severo distúrbio emocional. Mas, a 13 de maio de 1883, ficou completamente curada após ter tido uma visão de Maria, mãe de Jesus, que sorriu para ela.
Aos 14 anos tomou conhecimento de muitos assassinatos cometidos por um homem de nome Henri Pranzini, dedicou quase todo o seu tempo orando muito por ele na tentativa de beneficiá-lo. Ao saber que ao morrer Henri pediu um crucifixo e beijou as chagas de Jesus, Thereza sentiu que esta atitude do assassino fora uma benção recebida. Resolveu entrar para o Convento com a determinação de rezar pelos pecadores. Chamou Pranzini de seu primeiro filho.
Sua grandeza se apresenta naquilo que ensinou: como tornar a vida útil a Deus, como descobrir o mistério do amor e o ânimo de amar, até aqueles que não são dignos de ser amados, e, despertar no homem a consciência de sua resistência ao verdadeiro amor.
A 30 de setembro de 1897, com a idade de 24 anos, Teresa desencarnou de tuberculose, depois de uma luta heroica contra a enfermidade.
Therezinha do Menino Jesus exemplificou uma espiritualidade baseada no amor e na confiança em Deus. Seus amigos privilegiados eram os pobres, os humildes, os oprimidos.
Assim como São Francisco de Assis, é uma das santas mais populares da história da Igreja. O papa Pio X chamou-a de "a maior entre os santos modernos".
Juntamente com Teresa de Ávila nos presenteia com sua benção nos trabalhos da nossa Casa do Coração.(Veja mais sobre os Guias Espirituias da Casa do Coração.)
Theresa de Lisieux, mais conhecida como Therezinha do Menino Jesus, se identificava em suas mensagens psicografadas na Casa do Coração, pelas palavras: "Que as rosas do perdão do Céu se desfolhem em chuva sobre vossas cabeças".
Therezinha do Menino Jesus (trecho da exposição: "As Teresas" ) - Carmen Guimarães (03/11/2020)
Teresa de Ávila
Espanhola, nascida em Ávila, em 28 de março de 1515. Filha de D. Alonso de Cepeda e Dona Beatriz de Ahumada. Ao começar a sua obra fundadora, escolheu outro nome, passando a chamar-se Teresa de Jesus.
Sentiu a vocação para dedicar-se à religião bem jovem. Desde criança se interessava pela história dos mártires.
Aos 20 anos, em 1535 entrou para o convento , o Mosteiro da Encarnação. (Mosteiro de Carmelitas)
"Recordo-me, e a meu parecer com toda a verdade, que, quando saí da casa de meu pai, foi tal a aflição que não creio será maior quando eu morrer. Parece-me que cada osso se me apartava per si".
Como instituição religiosa, o Carmelo datava dos princípios do século XIII. E, a comunidade que recebia a nossa protagonista contava pouco mais que meia centena de anos. Seguiram-se dois anos de aprendizagem monástica depois do que Teresa professou definitivamente a nova vida.
Pouco tempo depois adoeceu, vítima de um mal misterioso, que, pouco a pouco, consumia o seu físico. Em 1539, chegou quase ao colapso total : "Deu-me um paroxismo (convulsão, espasmo agudo) que durou quatro dias, pouco menos, ficando eu sem nenhum dos sentidos". E quando por fim volta a si, "fiquei num estado que só o Senhor pode saber os incomportáveis tormentos que sentia em mim; a língua feita em pedaços de mordida; a garganta, de não ter passado nada e de fraqueza, sufocava-me, pois nem água podia engolir, toda eu parecia estar desconjuntada; com grande desatino na cabeça; toda encolhida, feita um novelo, sem me poder mexer, nem braço, nem pé. Nem mão, nem cabeça, mais do que estivesse morta, se não me meneassem; só um dedo me parece podia mexer na mão direita... "
Ainda: "Tudo me parece fácil em comparação de um momento que se haja de sofrer o que eu ali padeci...; arriscaria mil vidas de muito boa vontade para livrar uma só de tão gravíssimos tormentos' (a narrativa indica um ataque cataléptico).
O fausto do convento a chocava. A pressão social era muito grande. As Monjas saiam e entravam com a mesma freqüência das visitas que chegavam e saiam. No dizer de Teresa era "um lugar que tem muito regalo por ser grande e deleitoso". Havia também autorização para que a Regra (regulamento das Carmelitas) fosse usada sem rigidez.
Muito culta, lia muito, numa época em que a mulher não sabia ter.
Em 1559, a Inquisição publica o índice de livros proibidos (de Valdés). Uma grande parte dos que usa a Madre Teresa de Jesus.
Dezoito anos após sua entrada no convento, já com quase quarenta anos, um acontecimento conhecido como sua "conversão" aconteceu, e a 2ª parte de sua vida começou. A morte de seu pai a levara a sérias reflexões e um dia, ao entrar no oratório, deparou-se com a imagem do Cristo ferido, colocado lá, para um festival que se aproximava. Naquele momento caiu ao pé da imagem em prantos e sentiu todos os sentimentos mundanos morrerem dentro dela. O choque levou-a a entrar em transe, e esses se repetiram, acompanhados por visões daí por diante.
As outras freiras do convento consideravam-na possuída pelo demônio e seu comportamento era considerado como um desejo seu de ser diferente e melhor do que as outras pessoas.
Teresa, no entanto, era humilde e por isso mesmo, achando que talvez tivessem razão, levou seu caso a seu confessor e ao Pároco Geral dos Jesuítas.
Este a colocou num programa de castigo disciplinar.
Um dia, trabalhando, entrou em transe e ouviu uma voz que disse: "Você não mais conversará com os homens, mas sim com os anjos".
Depois disso, vários transes ocorreram, quando se encontrava em prece, e ela sentia a presença do Cristo. Ela O via, exatamente como aparecia pintado, se elevando do Sepulcro. Seu confessor ordenou que ela exorcizasse aquela figura e ela obedeceu, com muito sofrimento. Escuso é dizer, que foi em vão.
As visões tornaram-se cada vez mais fortes. Certa vez a cruz do seu rosário foi arrancada de sua mão, e quando lhe foi devolvida, parecia feita de pedras mais brilhantes do que diamantes, visíveis, no entanto, só para ela.
Teresa não concordava com o afrouxamento de disciplina nas ordens religiosas. Idealizou então o projeto de fundar uma casa na qual todos os regulamentos da ordem das Carmelitas seriam observadas. Houve grande oposição por parte das autoridades da ordem, mas ela perseverou, e apelou para o Papa, que achou seria bom para a Igreja.
Uma casa particular em Ávila foi secretamente preparada para servir como um pequeno convento e quando um superior chegou de Roma, Teresa, licenciada do Convento da Incarnação, instalou 4 mulheres pobres na nova casa dedicada a seu patrono S.José.(24.08.1562). Foi assim estabelecida a Ordem das Carmelitas Descalças, em oposição às Carmelitas Calçadas. (Não ficavam literalmente descalças, mas usavam sandálias de corda). Dormiam sobre palha, não comiam carne, confinadas à clausura, e viviam de esmolas.
Depois de alojar as 4 irmãs, Teresa voltou para o convento da Encarnação, mas quando o segredo foi descoberto, tanto as Carmelitas, como o povo da cidade ficaram furiosos. No entanto, não houve violência e o fato foi levado ao conselho em Madri. Filipe II levou novamente ao papa a situação e depois de 6 meses, chegou um documento expedido pelo papa, e ela recebeu de seu superior a licença para mudar-se e tomar conta das irmãs. 0 nº de 13 vagas a que ela havia limitado a sua fundação logo foi preenchido e Teresa passou aí os 5 anos mais felizes de sua vida. (Acreditava na vantagem de um grupo reduzido, onde todas pudessem se conhecer e querer-se bem - "Mais fará uma de qualidade do que muitas sem ela.")
Suas visões continuaram, e, por ordem de seus superiores, ela escreveu sua autobiografia, contendo um relato completo dessas experiências, embora longe dela a ideia de colocar qualquer santidade nestas ocorrências.
Posteriormente, recebeu do superior geral autorização para fundar outros conventos, tanto para homens como para mulheres, apesar da oposição de muitos. A hostilidade dentro da ordem era muito grande, principalmente na Itália, e Teresa esteve até presa, durante dois anos em Toledo, após o que as Carmelitas foram divididas em 2 grupos; as Carmelitas descalças e as Carmelitas calçadas.
Teresa passou os últimos 15 anos de sua vida em viagens difíceis, fundando conventos e mosteiros. (16 conventos e 14 mosteiros) e trabalhando na organização da sua obra. Foram fundados conventos em Medina, Malaga, Valladolid, Toledo, Segóvia, Salamanca, e 2 em Alba, sob o patrocínio do famoso duque.
Teve depois 3 anos de descanso, como prioresa (superior do convento) do velho convento da Encarnação. (que termina em 1574)
A seguir foi para Sevilha a fim de fundar um convento, mas ultrapassava os limites de fronteira que lhe haviam sido autorizados. Isto serviu para aumentar a hostilidade da velha Ordem. Teve ordenada a supressão imediata do convento em Sevilha, e a fundação de novos conventos foi proibida.(23 de junho de 1575)
Porém o maior movimento contra Teresa partiu da Itália tendo sido todavia considerado por Filipe II e as demais autoridades espanholas como uma interferência indevida.
Ante a Inquisição: Houve uma convergência de acusações. Em Castela denunciam à Inquisição o "Livro da Vida". Em Sevilha acusam-na, a ela e às suas monjas. D. Álvaro de Mendoza confirma aos inquisidores o Autógrafo do livro de Teresa. Este é defendido em tribunal por um homem de nomeada, o teólogo dominicano Domingos Banes (7 de julho de 1575). Mas a obra teresiana continuará retida na Inquisição. Em Sevilha os inquisidores interrogam à Teresa que facilmente dissipa as suas suspeitas. Mas terá que escrever duas longas Relações a respeito de sua vida e experiências místicas.
Depois de uma luta ferrenha, durante a qual Teresa esteve presa por 2 anos em Toledo, as Carmelitas foram divididas em 2 grupos (1580) e os Descalços obtiveram o direito de eleger seus próprios superiores.
Os poucos anos restantes de Teresa foram passados com o mesmo objetivo anterior; organizando a Ordem que havia fundado, viajando para abrir novos conventos. Escreveu uma história de suas fundações que formou um suplemento à sua autobiografia.
Finalmente, em uma de suas viagens de inspeção, veio a falecer em Alba em 29.09.1582. Diz-se que saíam de seu túmulo um cheiro de violeta e perfume, e quando este foi aberto, 9 meses depois, sua carne estava intacta.
Em 1585, foi decretada pela Ordem dos Carmelitas Descalços, a trasladação de seu corpo para Ávila, o que se efetuou solenemente no dia 25 de novembro do mesmo ano. As irmãs de Alva, receberam como consolação permissão para manter o seu braço mutilado.
Não obstante, a pedido do Duque de Alba, conseguiu-se do papa Sixto V que se devolvesse seus restos a Alba, o que veio a acontecer no dia 23 de agosto do ano seguinte. Mais uma vez ela foi sepultada num esplêndido túmulo. Mas ainda então ela não descansou. Foi novamente desenterrada, para ser colocada num caixão mais luxuoso e a ganância de procuradores de relíquias fizeram uma destruição indecorosa de seus ossos.
Teresa foi canonizada por Gregório XV a 12 de março de 1622 ( juntamente com Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier, S.Filipe de Neri e Santo Isidro Lavrador).
A honra foi sem dúvida devido a seu ascetismo e visões místicas. Ela própria se chamava Teresa de Jesus, para significar quão estreita era sua relação com o divino noivo, que dirigia todas as sua ações.
Embora ela desaprovasse excesso de autoridade em devoção e abstinência em outros, ela punia-se habitualmente, e usava um pano na cabeça que era peculiarmente doloroso.
Mas, sua vida mostra que ela, além de uma mulher de forte praticidade e bom senso, cheia de uma natural perspicácia, tinha um poder de organização fora do comum.
Ela era corajosa em face das dificuldades e perigos, pura nos seus impulsos, e suas declarações, algumas das quais têm sido citadas, têm o verdadeiro toque ético.
Seus manuscritos foram coletados por Felipe II e colocados numa rica caixa na Escorial (residência real) cuja chave ele carregava sempre com ele.
Além de sua autobiografia e a história de suas fundações, seus trabalhos (todos escritos em espanhol) contêm um grande número de cartas e vários tratados de religião mística, sendo os principais "O Livro da Vida", "O Caminho para a Perfeição" e "O Castelo da Alma': Os dois últimos, descrevem o progresso da alma em direção à perfeita união com Deus.
Seus trabalhos, editados por dois dominicanos, foram primeiramente publicados em 1587, e têm desde então aparecido em várias edições.
Exposição: "As Teresas" (video completo) - Carmen Guimarães (03/11/2020)